sexta-feira, 27 de março de 2020

A Ruinado Amor


(para você)
Ao longo da vida o atávico Amor se dissolve lentamente. Alimentado pelo cotidiano, vence então o tolerar; uma certa empatia, emaranhada de intimidades e desgostos.
Esse tal verbo Amar causa desconforto. É um miasma disforme que vai se desfazendo em cores  e sabores: amargo, apegado e intragável. Se arrasta pelo chão em raízes, vai sugando a seiva vermelha que resta dos sentidos e do corpo.
Ainda assim, em meio a esse “esmolar migalhas”, resta a Hospitalidade que se desponta soberana. Hospedar o Amar, isso sim é possível, em um quarto desarrumado, mas aconchegante; de janelas abertas e com relicários por todos os lados.  
O tempo amante que passou se transformou em hóspede, Ruina nostálgica de se contemplar.

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